Já postamos vários de nossos produtos, várias dicas de diversos
assuntos, homenagens... mas nunca postamos onde tudo começou, a nossa
verdadeira história.
Por isso, hoje vocês vão nos conhecer melhor, vamos contar nossa
história pra vocês!!
"Morávamos numa cidadezinha
do interior de Aracaju, chamada Porto da Folha. É uma cidade pequena que
até hoje só existe uma rua, a qual chamamos de rua de baixo e rua de cima. Ali
passamos nossa infância brincando com nossos primos e amigos. Brincávamos de
roda, pião, circo, etc.
A medida em que o tempo passava, nossa situação se apertava mais. A seca
chegava e mamãe com sete filhos para cuidar. A roça já não produzia mais nada,
mamãe começou então a fazer cocada e pé-de-moleque para vender na mercearia do
nosso avô. O dinheiro que entrava, não cobria nem as despesas.
Papai, cada dia mais triste e
desesperado, resolveu vender tudo, vendeu nossa casa e a rocinha.
Depois disso, de madrugada, passou um caminhão que levava as pessoas de
uma cidade para a outra, conhecido como pau-de-arara, parou na nossa casa e
fomos todos juntos seguir viagem nele.
Mamãe estava com um bebê de 6 meses no colo e se despedia de nossos tios
e avós com o choro sufocado no peito, pois não queria nos passar a tristeza que
sentia. Viajamos por, mais ou menos, 3 dias. Foi uma viagem de muito sofrimento
e cansaço, quando enfim, chegamos aqui em Governador Valadares. Era dia 16 de
dezembro de 1968, quase véspera de Natal.
Fomos morar numa casinha bem
simples que meu pai alugou para nós em uma de suas viagens para Minas Gerais.
Quando chegamos a única coisa que tínhamos era um saco de roupas e outro de
panelas. Já era quase noite, papai foi numa "venda" e nos comprou
pão, salame e leite. Nós comemos e fomos dormir. Dormimos todos juntos no chão
que mamãe forrou com alguns panos, depois que ela fez nossa oração.
Os dias foram passando e papai improvisou um fogão com tijolos no fundo
do quintal e mamãe nos fazia comida, era bem simples mas era feita com muito
amor.
Papai pegou algumas roupas para vender. Batia de porta em porta em porta
tentando ganhar o pão de cada dia para nós.
Até que um dia levantamos com a
calçada cheia de crianças brincando seus brinquedos novos. Nós corremos para a
calçada e ficamos olhando os brinquedos que nunca tínhamos visto. Nossa irmã
então perguntou:
- Por que todos ganharam brinquedos?
Uma das crianças respondeu:
- É Natal!
Fomos correndo para casa e falamos com papai que era Natal. Ele abaixou
a cabeça. foi até o mercado e comprou uma bisnaga para cada um de nós. Nós
ficamos soprando as bisnagas e brincando com as outras crianças o dia inteiro.
Passamos, aproximadamente, 6 meses com falta de tudo. Só não passamos
fome porque temos um Pai maravilhoso e que nos ama muito.
Recordo que um dia a tarde, ficamos todos os irmãos na porta de casa, na
varanda, vendo de longe a televisão de uma vizinha anunciando a novela das
18hs, Meu pé de Laranja Lima, até que a dona da casa nos viu e disse:
- Que é que esses meninos estão fazendo aqui?? Podem ir embora!
Fomos então pra dentro de casa e ficamos quietinhos. Mamãe percebendo
nossa quietude perguntou:
- O que é que vocês tem?
Nossa irmã mais velha respondeu e contou tudo o que aconteceu. Ela então
nos abraçou e chorou, nos apertando bem no seu peito. Fomos para o quarto,
rezamos o terço e dormimos.
Bem cedinho escutamos um caminhão parando em frente à nossa casa.
- Quem será??
Que confusão, quanta alegria! Era nosso avô que vinha nos visitar pela
primeira vez. Ele não podia demorar muito, pois tinha que levar comida para o
gado, por isso ficou conosco 3 dias.
Antes de ir embora, comprou uma máquina de costura e deu para nossa mãe
de presente. A partir daquele momento, nossa vida começou a mudar.
Papai e mamãe compraram vários tecidos e mamãe começou a costurar e
bordar.
Trabalhava o dia inteiro e
varava noites a dentro fazendo joquinhos de cozinha, colchas e toalhas para
papai vender nas cidadezinhas por perto. A benção de Deus era tão grande que
papai saía com a mala cheia de manhã e a voltava a noite com ela vazia. Mamãe
bordava para os vizinhos, para as amigas, as escolas e assim o dinheiro foi
entrando e nossa situação melhorando.
Enquanto mamãe costurava, ela nos ensinava a cozinhar e nós cuidávamos dos nossos irmão menores. Dessa forma, papai e mamãe compraram fogão, cama, colchão e uma televisão. Nós ficamos muito felizes com nossa primeira TV, foi muita alegria!
Quase um ano depois, percebemos que a barriga da mamãe crescia cada vez mais, era o oitavo filho que estava chegando. A cegonha ia mandar um neném pra nós. Nós ficávamos imaginando uma cegonha mesmo trazendo um neném no bico. Quando passava um avião nós ficávamos gritando:
- Avião, traz neném pra nós! Avião, traz neném pra nós!
E numa noite bem chuvosa, as ruas estavam bem escuras, mamãe começou a sentir as dores do parto. Papai saiu mais que depressa, enfrentando a chuva e a escuridão, para buscar uma parteira no bairro São Paulo. Depois de algum tempo, papai chegou com a parteira, que entrou no quarto e não disse nada.
Papai nos obrigou a ficarmos dentro do quarto e só saíssemos de lá quando escutássemos o choro do neném. E assim o fizemos.
Quando escutamos o choro do nosso irmãozinho saímos bem devagar do quarto e fomos ver o que a cegonha tinha trazido pra nós. Mais parecia um bebê chorão!
Todos os meses chegava à nossa casa um homem grande e forte, para cobrar o aluguel. Porém, este mês ele foi cobrar pela última vez e dizer que a casa estava a venda. Papai ficou desesperado, conversou com minha mãe e resolveram pedir empréstimo a um amigo nosso. Até hoje somos muito gratos a ele, pois além de emprestar o dinheiro, avalizou papai, avalizou papai que comprou nossa casa parcelada. Também foi um época muito difícil, mas conseguimos superar. Agora a casa é nossa.
Papai, em meio a tanta correria, não se alimentava direito, pegava muito sol pois levantava muito cedo para viajar, chegava tarde em casa pois sempre pegava o último ônibus ou trem, acabou pegando hepatite. Mamãe teve que enfrentar a barra. Saía cedo de casa, com as fichas e o endereço de todos os clientes, e meu irmão Zé, carregando a mala com a mercadoria. As mulheres ficavam em casa para cuidar dos afazeres domésticos e cuidar dos nossos irmãos mais novos. De vez em quando, a vizinha, que também somos muito gratos a ela, preparava a comida de papai e lavava suas roupas porque tinham de ser lavadas separadas por conta da doença.
Com o passar do tempo, depois de muitas dificuldades, surgiu uma grande oportunidade em nossa vida. Papai descobriu um ponto comercial na rua Belo Horizonte, surgiu ali a ideia de abrir uma loja.
Foi como um raio de luz em nossa vida. Mamãe e eu fomos à loja e lavamos tudo. deixamos a loja completamente limpa e arrumamos tudo para abrir a loja no dia seguinte. Colocamos o que tínhamos pronto em casa para vender: umas 5 passadeiras, algumas colchas bordadas, jogos de cozinha, paninhos de bandeja, etc. Nesse dia, conseguimos vender e receber o equivalente a aproximadamente um mês de trabalho do meu pai.
A alegria foi tanta que papai e mamãe resolveram viajar para o nordeste para fazer compras e investir mais na loja.
Assim a situação foi melhorando e com muita luta e sacrifícios, meus pais conseguiram formar todos os filhos, cada um com sua profissão.
Hoje todos já somos adultos, casados e já demos netos aos nossos pais. Um de nossos irmãos, José Martins, resolveu servir a Deus tornando-se padre em João Pessoa na Paraíba e atualmente atua na Diocese de Guanhães aqui em Minas Gerais.
Atualmente a loja fica localizada na Galeria Wilson Vaz e além de enxovais, também trabalhamos com moda íntima e bordados.
"
E aí, o que acharam da nossa história?
Agora vocês já sabem um pouco mais sore nós. Assim podemos estreitar ainda mais nossos laços de clientes e amigos.